quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Volume zero

           Hoje eu finalmente consegui me abrir no que acreditava que se desencadearia num pedido de ajuda pra única pessoa que eu sei que seria realmente capaz de entender as camadas das minhas palavras. A invertida que eu levei eu realmente não poderia prever. Ja levei numa boíssima coisas muito mas muito maiores, acredito que por isso esperava que ali eu realmente conseguiria um pouco de consolo. Não é novidade pra mim oferecer ombro e colo pra situações miseráveis de quem amo, mas é novidade pra mim não ter nas raríssimas ocasiões em que preciso. Não me isento das minhas responsabilidades não, mas apesar do baixo discernimento de agora consigo claramente dizer sobre reações desproporcionais.

          Dito isso, chegamos aqui. Onde sempre deveria ter estado e de onde nunca deveria ter saído. Pensando um tanto, e isso foi o que mais fiz durante essa semana e meia de martírio, fui capaz de chegar numa conclusão inédita. Parece que até o fundo do poço tem suas camadas, não é mesmo? Concluo que o que mais preciso é justamente o oposto do que busco imediatamente quando me sinto assim. Pode parecer óbvio digitando isso aqui agora mas é que meio que não é. Não nessa conclusão. Percebendo isso, fico com a pergunta que tá tirando o meu sono atualmente: por que a gente é tão sádico com a gente mesmo?

          Num dos trechos da mensagem deletada digo que não sei como é que passei despercebido pelas pessoas ao meu redor sobre o meu estado. Obviamente não pela minha mãe nem meu namorado, mas à parte deles que não entenderam onde eu tô, absolutamente despercebido. Ter que equilibrar isso no trabalho foi realmente desafiador. Desafios e prendas que a minha mente prega em mim mesmo. Porra, já tá tão difícil lá fora, precisa ser ainda mais aqui dentro?

          Sinto tanta falta a convivência com a Miss Atomic Bomb. Quando penso em quem eu gostaria de ser, penso que gostaria de ser novamente quem eu era quando estávamos próximos no dia a dia. Pensando assim, consigo me medir muito pelas pessoas que me cercavam em determinados momentos da vida e de como algumas delas me marcaram profunda e positivamente. Talvez seja projeção nos outros de algo que tá aqui dentro, mas eu acredito que seja aquele incentivo recíproco e verdadeiro de querer o outro bem, de botar a mão na massa junto e de tirar o outro da merda junto também. Também pode ser os dois.

          Tô preso sim nesse looping de merda, mas diferente das outras vezes, sim, se quer saber. O aniversário do meu pai foi semana passada. Eu realmente já parei de achar que determinadas coisas são só coincidências. ''Ó, é mesmo né? Que coincidência''. Coincidência que esteve na minha cabeça desde o dia um de quando virou o mês. Talvez ali já fosse a preparação pra onda que viria. Não é responsabilidade dele nem nada. É só, sei lá, eu listando o monte de coisas que, uma por vez, joga uma pázinha de terra em quem já fui.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Não sei subir de outra forma

          Minha cabeça tá doendo tanto e eu não sei se é essa sinusite que não me larga ou esse tanto de coisa que tá acontecendo dentro dela. Deixei meus dados pra acessar um conteúdo de pesquisa e ao ver que conheço o pesquisador, imediatamente me vieram flashbacks de guerra de momentos de muitos anos atrás com os mesmos conflitos e percebi padrões e revelações antes mesmo de ler a pesquisa. Aliás, já disse o quanto eu odeio ter que deixar dados pra acessar coisas? Só quero ler, pesquisar, aprender. Se eu quisesse que alguém fizesse contato comigo eu mandaria mensagem.

          O diagnóstico de uma conhecida me fez sentir profunda empatia e preocupação por ela ao mesmo tempo que me preocupou por mostrar que não estou assim tão distante de onde ela está. A psique humana é muito curiosa mesmo. Queria saber retratar as coisas com a mesma sensibilidade que sinto. Ontem assisti uma série de vídeos do álbum visual de estreia de uma cantora britânica e achei tudo tão sensível, carinhoso e assertivo. Talvez seja isso que pulse e escorra por horas a fim. 

          Eu estava esperando por uma história diferente. Me reconheço em cada alma tragicamente isolada na escuridão gritando no fundo da garrafa em sua mão. Ao mesmo tempo que a luz que irradia em mim sai e contagia tudo ao redor. Change of Heart card.

          Na semana anterior escrevi sobre como vislumbrava um futuro próximo de muros baixos e conexão genuína e pura. Em tempo de descobrir coisas que ainda não sei processar. Meu aniversário de 2024 já foi tão catastrófico, não precisava de uma camada extra. Que a vida é feita de altos e baixos é fato, mas parece que toda vez que o alto chega você imediatamente busca o baixo. Como se fosse tudo o que conhecesse e quisesse. Eu realmente não sei o que fazer ainda com as coisas que descobri pelas minhas costas. Me sinto impotente, invisível e indesejado.

          Eu acho real que to caindo no mesmo buraco que a poetisa do infortúnio descreve na música. Assim como ela, já estive lá algumas vezes decorando meu espaço e atualmente parece que tenho deixado com mais alguns toques 30+. Subo alguns degraus só pra escorregá-los novamente, acrescidos de mais um ou dois. Não tô sabendo sair de lá de outra forma além da que conheço, que, basicamente, consiste em me isolar 100% de tudo e recomeçar dentro de mim. To tentando não fazer isso e por isso acredito que eu continue escorregando pra baixo. Tá sem mão pra me puxar pra cima e eu não sei subir de outra forma sem sumir de todo mundo. Queria ler ou conversar com alguém sobre isso.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Viagem futurística alienígena

           Hoje me peguei vislumbrando uma realidade onde eu derrubo meus muros, baixo a guarda real e compartilho tudo numa relação tão íntima e visceral que me sinto bem em fazer isso. Nos vi sentados no chão da sala, tomando um vinho numa tarde qualquer, com um monte de folhas espalhadas debatendo ideias e possibilidades pra projetos e pro futuro. Satisfatório perceber que vislumbro essa realidade por vontade de viver nela. A chave de controle do furacão é o diálogo sincero e o sentimento compartilhado. É bem como se tivesse digitado os códigos e apertado o botão da escotilha no minuto 107. Quero muito me perdoar e me permitir viver o amor que eu acredito merecer. E também poder dar o amor que existe dentro de mim. 

          Quanto tempo leva a nossa cura, afinal? Penso nisso enquanto sigo desvendando novas coisas sobre mim e desbravando novos caminhos desconhecidos. I'll fly away on a trip to your heart serve bilateralmente e acho isso lindo. Essa música me despertava sentimentos quando eu tinha dezoito e hoje me dá esperança e excitação. Acho lindo como a arte atravessa a gente de diversas formas. Acho lindo como a gente é arte e, por causa disso, enxerga arte em tudo. Spread my wings out into the dark, break these chains that keep us apart.

          Parece que o festival do Rio tem programa impresso e eu, como boa cria dos anos 90/2000, adoro um material pra guardar e colecionar. Tomara que ainda esse ano saia o adventure book que sempre quis fazer pra mim. Coloco tanto esmero nas coisas para as outras pessoas, quero muito fazer o mesmo por mim. Sou um cara de grandes expectativas e muitos sonhos. E também de felicidade nas coisas simples. Não me considero difícil de lidar, apesar de saber que tenho meus momentos.

          Depois da visita recente na cachoeira translúcida espero conseguir manter a energia boa que senti. Sei que tudo está tudo diretamente ligado a como me trato e me posiciono diante da vida, mas o lago gelado me trouxe vislumbres que espero conseguir manter. Um dia de cada vez, já dizia a alienígena guia.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

.minha solidão me fez criar um universo.

          Tento escrever algo relacionado a minha conexão introspectiva comigo mesmo e os mundos que crio pra me proteger, mas nada sai. A fada leve foi certeira na sua fuga, parece ter sido escrita por mim. Mas sei que o real motivo de não sair nada é que eu sei exatamente de onde vem o que me arrasa. É que é difícil tomar a decisão de ficar sozinho depois de já ter convicção de querer estar junto. Levei tanto pra ceder a mim mesmo e criar o cenário de um futuro junto e de planos e de tudo mais que vem no combo. Mas preciso admitir pra mim mesmo que não tenho força pra lidar com isso de novo. Ultimamente não tenho tido força pra lidar comigo, praticamente. Talvez me fortalecendo eu ganhe um novo gás e possa retomar o caminho do vislumbre do futuro. Mas agora tudo o que eu não preciso é de mais um - forte - motivo pra me jogar no chão de novo.

          Minha solidão me fez criar um universo, mundo inteiro onde eu vou morar.

terça-feira, 3 de junho de 2025

Queen of Spades

          Hoje eu ganhei um respiro musical e tô muito grato por esse presente e redescoberta. O novo álbum da banda, que só hoje entendi o trocadilho do nome com aquele filme que eu amo, me atirou direto num túnel neon a toda a velocidade e eu caí no meio da pista da London Calling no Muzik há mais de uma década atrás. Quando eu paro pra pensar em tudo o que tô conquistando e realizando eu fico muito feliz, orgulhoso e animado. Ou talvez seja o respiro de animação que as bonecas de Soho me deram nessa terça cinza.

          O Dragkiller tá finalizado e pronto pra ganhar o mundo. No corre de finalizar a parte burocrática, sigo no fluxo de levar meu projeto audiovisual pro máximo de pessoas o possível. Foi caro, gente. Me patrocina, pelo amor! Preciso fazer mais.

          Minha relação com a Ariel se estreita ainda mais hoje com a percepção da bruxa do mar bem ao meu lado. Como nunca tinha feito essa associação antes? O que ela não sabe é que o colar com a voz da sereia tá no meu pescoço e eu uso ele que nem aquela maluca de black mirror que vira a imperatriz com cabelo da Beyoncé.

          I wanna fucking tear you apart. Um cover dark de uma música dark grita pra mim toda a criatividade que me lançou no redemoinho de ideias e juventude que mistura preto e branco com neon, vinho barato com grama e bandas novas, cabelos de franja e adolescentes magrelos prontos pra ganhar o mundo de cabeça pra baixo. Esse redemoinho verde, diferente do vermelho de caos absoluto. As caixas de pandora da Octavia. Que engraçado, semana passada pensei num roteiro envolvendo isso só pra hoje resgatar o roteiro de Mayday na cozinha com o fantasma da amante de outrora.

          Me sinto absolutamente criativo e a ilustração da Miss Atomic Bomb com mablack conduz a viagem por uma pista de corrida estelar ao som de Napoleon Baby. We're back, bitches! 

Definitely.

terça-feira, 20 de maio de 2025

alegria cinematográfica

           Estreei meu filme e que loucura a recepção e os comentários que ouvi sobre meu trabalho, minha visão, minha dedicação. É tão incômodo pra mim receber elogios que sempre acho que existe algo pra invalidá-los ou sei lá. Dessa vez eu tô tentando me permitir. Tenho tanto orgulho desse projeto e ficou tão a cara do que eu gostaria que ele fosse. Eu gosto muito de enaltecer o incrível trabalho de toda a nossa equipe porque se não fosse pelo esforço e dedicação de cada um ali, esse filme não seria esse filme. E se não fosse esse filme, não seria assim. Esse filme já deixou de ser só meu há muito tempo. E a lição mais legal que eu aprendi e internalizei foi a primeiríssima que ouvi no começo de tudo: cinema não se faz sozinho. Ouvir isso, hoje, me faz olhar para tudo o que passamos e fizemos e responder: ''que bom!".

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

clube do pônei rosa

           Dois mil e vinte e cinco e cada vez mais minhas questões são auto centradas e são do que fiz de mim mesmo. Na noite passada assisti um dos favoritos ao Oscar e: absolute cinema. Esse tempo comigo mesmo é tão precioso. Me pergunto o porque de só dar tanto valor a ele em momentos ansiosos.

          Um mês para repetir a viagem da minha vida e minha percepção mudando para entender de que fazemos as ~grandes coisas de nossas vidas até que venha a próxima grande coisa de nossa vida. Que feliz esse ciclo que se estende e recomeça e surpreende. Quero ainda fazer tantas coisas.

          Tenho na minha estante as caixas vermelhas que a red queen não abriu. As vezes tiro os livros e enfeites de forma a revelá-las apenas para depois escondê-las novamente. Acredito que tudo tenha o seu momento certo. Pra esse ano eu quero finalmente bancar minhas escolhas e praticar a postura que tenho vontade de assumir. Eu adoro mudanças, sou inquieto constante sempre clamando por algo novo, mas algumas mudanças demandam tanto! 

          Filmes, textos, fotos, cartões. Gatos! Como me sinto cada vez mais conectado e ligado a minha família. É coisa da idade, é astrológico ou algo assim?

          No pique do trigésimo café, acho irônico reclamar de ansiedade. A paranóia da reclamação da musa pintada bateu e nem era nada demais. Assim tem sido as últimas vezes, mas ela perdeu o meu benefício da dúvida. Ao mesmo tempo que faço cada vez menos sentido, faço sentido perfeitamente pra mim. Sinto falta do meu antigo ritual de conexão de séries conforto com novas perspectivas. Alguém me arruma uma legenda sincronizada pra segunda temporada de Orphan Black? Quero incluir essa no meu ritual. Ah, Alison...

          Queria recomeçar em outro lugar.