sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Ano novo

           Começo o ano com a energia lá no alto e cheio de expectativas. Estou finalizando meu filme, tenho uma grande viagem em dois meses e muitos planos. Quero levar o filme para o máximo de festivais que conseguir, além de começar um novo projeto. Acertar minhas finanças e voltar pro lugar confortável em que eu estava há um ano atrás. Me entender e me cuidar cada vez mais.

          As coisas deram uma boa virada nesse fim de ano e estabilizaram bem. Prova de que minha maior inimiga é a minha mente é essa. A insegurança me jogou num buraco sem fundo e eu tava lá embaixo decorando as estações, tal como na música daquela cantora que eu gosto. Ponto de atenção altíssimo é essa insegurança estar diretamente ligada à necessidades afetivas. A partir do momento em que tudo ficou esclarecido e definido, acabaram todos os jogos. Era disso que eu precisava pra me sentir pleno e abandonar o vício que me fazia entrar num espiral de ansiedade? Percebo o padrão de comportamento e entendo ele melhor do que nunca, mas preciso de um plano de ação pra quando o espiral voltar. Um passo de cada vez, dizem.

          Fato é que funciono muito mais com as coisas nos seus devidos lugares. Quem não, certo? A falta de definição clara das coisas me perturbava em níveis extremos e com isso me sinto pronto pra andar pra frente. Tento tomar controle dessa narrativa e transformar em aprendizado e entendimento sobre mim e sobre como agir. Mas atento ao controle demais.

          Estou louco pra reencontrar minhas amigas e viver mais uma vez o final de semana que vivemos ano passado, mas queria um pouco mais de tempo até esse que esse evento acontecesse de novo. Quero muito melhorar minha vida e acertar as coisas logo. Aproveitar o pico de energia né. Esse ano vai ser o meu ano.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

sozinho junto

          Achar que alguém vai entender suas demandas ou o quanto certas coisas impactam em você é a maior roubada que existe. Ninguém é capaz de entender as suas dores ou o quanto certas coisas batem em você. É utópico esperar de alguém um olhar de cuidado e atenção que ela simplesmente não consegue ter. Ninguém vai cuidar da sua demanda como você. Ninguém vai ter o carinho ou atenção com você maior do que o seu próprio. Esperar isso de quem quer que seja é furada. Nem melhor amigo, nem grande amor. Não existe isso.

          Durante anos tentei ser uma pessoa empática e eu sou a pessoa mais empática que eu conheço. Coincidentemente hoje li em algum compartilhamento que empatia demais é auto destruição e fez muito sentido pra mim. Eu cuido muito e faço isso porque eu genuinamente gosto de cuidar. Hoje, depois de muita auto análise e de olhar pra trás, acredito que isso ocorra porque eu fui muito não-cuidado então sinto que não gostaria que ninguém passasse por certas coisas que passei advindas disso. Mas percebo também que faço muito disso porque também gostaria muito que alguém me cuidasse. E quando eu tô junto eu penso e faço absolutamente tudo junto. Por vezes perco minha individualidade. Quer me destruir é me acusar do contrário, mesmo com um bocado de situações que podem te mostrar o contrário. E esperar de quem quer que seja a atenção que eu dou às mínimas coisas é burrice. Bater onde me é mais sensível também é.

          Existem certas coisas que outras pessoas não são capazes de entender. E não me refiro à capacidade cognitiva não, mas elas simplesmente não conseguem por não entender a complexidade daquilo por nunca ter sido exposta à situações ou coisas parecidas durante a sua formação como pessoa. Isso é normal, faz parte. 

          Por conta de toda a bagagem, eu sempre fui muito independente e individual, apesar de muito carente e de gostar demais de partilhar e celebrar tudo junto. Uma dualidade bem oposta, eu sei. Coisa que me quebra no meio é que, por ser assim, eu não peço ajuda. Não peço, não peço mesmo. Num histórico das vezes onde eu 1. pedi; 2. me foi oferecida com certa insistência; e eu aceitei: 99% das vezes fiquei na mão. Mesmo. Não faz sentido pra mim você ter todo um trabalho exaustivo pra derrubar uma barreira porque quer muito ajudar e aí quando consegue você simplesmente não ajuda. Caralho, sabe. Tá querendo provar o que pra si mesmo? Porque pra mim que não é. Essa merda cansa demais.

          Eu tô desesperançoso, tô triste, tô deprimido, tô no meio de um turbilhão de sentimento horroroso que há duas noites atrás culminou num pesadelo aterrorizante. E eu tô tentando ficar de boas porque a última coisa que eu preciso é que meu corpo canalize e externe isso tudo mais uma vez. Eu quero muito, muito mesmo, viver de boa. Curtir coisas simples. Assistir filmes que quero assistir, ficar deitado na cama relaxando e aproveitando a companhia vendo vídeo engraçado. Curtir um rolê aleatório com pessoas aleatórias e me sentir bem. Ganhar um carinho e uma palavra bonita. Um gesto legal. Quero sossego pra dormir até mais tarde, quero fazer as quests do dia do meu jogo favorito. Meus boletos pagos no fim do mês. Não é possível que eu esteja querendo demais do universo. Me economiza aí, faz favor.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

era pra ser um parabéns, mas lá no fundo é um obrigado

          No dia de todas as respostas me ocupei tanto que até quando desocupei continuei ocupado com as demandas da minha mente. Se em outrora um jovem johnny soprava 25 velas finas de padaria, bêbado de vinho barato com um namoradinho e uma amiga numa praça na cidade pequena pra celebrar, hoje ele o faz sozinho, tomando uma amstel ouvindo no streaming um álbum lançado em mesma data, anos atrás. No quarto, um quadro em preto e branco da sereia. Deveria representar algo como um conceito, sei lá. Mas olhando em outro panorama deve ser só a representação mesmo de algo que não volta. Seja aquele tempo, a vida dele ou mesmo a dela. Esquisito fazer esse paralelo. Esquisito porque os coloca no mesmo lugar e isso pra ele sempre foi inimaginável.

          Enquanto ela procura Amy, ele procura a si mesmo. Nessa época tudo era realmente mais fácil ou menos complicado. E, não. Não são sinônimos. Se lá atrás ele soubesse com tudo que teria que lidar dentro de si mesmo, talvez tivesse tomado outras providências. Que loucura pensar assim. 

          Essa fritação nem era pra ser sobre isso e sim sobre a falta que eu sinto. Talvez a segunda lata tenha ligado o modo auto reflexão. Que bom que hoje não foi o modo auto crítica. A real é que a auto reflexão já vem há algumas semanas e com tantos paralelos ao mesmo tempo às vezes fica difícil de respirar. Não, eu não vou cortar essa.

          A falta de cuidado, de carinho ou de percepção nos momentos necessários me levam pra longe. E dessa vez eu fui tão longe que não consigo nem enxergar o caminho de volta. Como se eu precisasse, sei ele de cor. Mas as vezes penso que queria não saber. Se não soubesse, obrigado seria a seguir por um outro. Sem ter que dar satisfação a ninguém. Estranho como mesmo me enraizando cada vez mais, por escolha própria, o sentimento de cair por aí permanece. Acredito que isso se dá por que, mesmo sendo escolha própria, ainda não bati no lugar certo. Quase não é lá.

          Sweet surprise, I could get used to. Essa voz e melodia me levam pra tantos lugares diferentes que penso que queria só tudo isso de novo. Aí eu choro, porque o que mais vou fazer, certo? A vida pouco mais é do que sentir enorme falta de um emaranhado de coisas que nos trouxe até aqui. E eu sei que muitas vezes essa falta é só uma armadilha ou um truque criado por nós mesmos. Mas tem dia que bate diferente. E quando isso acontece, não tem mesmo muito mais o que fazer a não ser engolir esse amargo e deixar o salgado escorrer dos olhos.

           Bateu tudo tão forte e tudo tão junto. Amigo, dificuldade, amor, irmão, pai, filme meu, filmes clássicos, árvore de natal. Casa antiga, casa nova, escola, trabalho, faculdade, festival, networking, sabotagem. Amiga longe, amiga perto, amigo que traz o mundo e o amigo que levou consigo. Carinho, cuidado, falta de, risada, conchinha. Tatuagem, cachorro, gato, rato. Queria ir pra casa, queria sumir. Mannequin. Vomitei.

          Queria o jovem-eu ter o caminho que o hoje-eu vislumbra pela frente. Tenho absoluta certeza que cada passo desse caminho seria devidamente dado e celebrado. Mas hoje eu to sentado ouvindo uma melodia, que já era esquisita há dezesseis anos atrás, e pensando em como o hoje-eu ficou tão esmagado que não consegue equilibrar as coisas como o até-não-tanto-tempo-atrás-eu conseguia. Que loucura, como faz?



happy britmas, obrigado pelo mundo <3

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Armadilha

           Começo esse texto dizendo que tem sido muito difícil competir comigo mesmo. É certo que o que nos separa daquilo que queremos ser é o trajeto que fazemos, mas se o trajeto se desenha a nossa frente qual a grande dificuldade em trilhar o caminho? Coincidentemente abro a rede social e pula na minha cara uma postagem do meu ilustrador favorito com uma ilustração e reflexão sobre ''o chamado''. "Quanto mais tempo você resiste ao chamado da sua alma, mais difícil é de achar seu caminho de volta''. Eu acredito nessas coisas pra caralho e se isso não for o universo conversando em resposta à minha oração dessa noite, eu não sei o que mais pode ser.

          Essa angústia que me taca de uma parede pra outra me faz querer parar de percorrer o corredor. A nova-velha bruxa vem com um papo sobre ceder e abraçar esse lado ruim afim de encontrar equilíbrio mas ainda não consegui fazer isso. Sempre que tento abraçar, ele me sufoca de tal maneira que fico inerte. Não sei se estou fazendo do jeito certo. Talvez eu não esteja realmente fazendo, mas apenas dizendo que sim. Típico de mim. 

          Numa recordação de apresentação com direito a recursos visuais e entretenimento, me sinto a cantora pop depois de perder sua alma pra um sistema corrupto e falho que a esmagou. Sua essência está lá, mas blindada de tal maneira que talvez não consiga mais ser acessada. Me questiono se eu ainda consigo acessar a mim mesmo. Me acessar e resgatar é tudo o que eu verdadeiramente gostaria de fazer.

          Durante esses picos de ansiedade, percebo que passo de relance entre os dois extremos e vislumbro uma rápida e ilusória reconexão comigo mesmo. Quando o desafio passa e o pico se estabiliza, perco o vislumbre numa falsa sensação de que tudo se encaixou à normalidade mas aí tudo volta praquele emaranhado de nada com nada durante a rotina. Deve ser por isso que as pessoas usam droga. Sério, não ironicamente penso isso. Uma forma de dissociar da realidade. Sempre fui medroso demais pra isso.

          To vendo que o papo de hoje tá mais denso do que de costume, mas acho que é minha estafa interior pedindo pra sair um pouco. No final das contas acho que me subestimei. Percebi que já tive sim muita destreza pra tolerar certos tipos de situações na minha vida e fiz isso muito bem, mas ao mesmo tempo, com mais de trinta hoje em dia eu simplesmente não tenho mais saco pra isso. A gente faz o que tem que fazer, mas é necessário ter mais cuidado consigo mesmo. No auge dos meus dezoito ou dos vinte e tantos eu também não tinha a bagagem que tenho hoje, então era mais razoável me colocar em certos tipos de situação. O amadurecimento e conhecimento libertam mas se você não souber usá-los em favor próprio vai acabar preso em armadilhas feitas por si mesmo.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

o the 100 da vida real

          De tanta coisa que já vivi e passei na vida, não achei que um aperto nos antigos moldes fosse capaz de me desestruturar tanto quanto está fazendo. No the 100 da vida real, me vejo hoje na posição da minha mãe, a qual tanto critiquei e cuidei pra que nunca acontecesse comigo. A vida é mesmo impressionante, né? Sempre me pego pensando em como realmente a gente não é capaz de saber o que leva as pessoas a fazerem certos tipos de coisa. Por mais que a gente pense, debata e discorra, nunca é realmente compreensível até que você esteja naquele exato lugar. O the 100 da vida real. Dia desses, conversando com ela, perguntei: ''como é que você fazia?''. O conflito geracional e como somos cada vez mais prejudicados pela desvalorização do dinheiro, do trabalho e de tudo mais.
          Essa noite dancei com a minha miséria e com todos os meus fantasmas e talvez essa tenha sido a coisa mais poética que fiz nos últimos meses enquanto tento desesperadamente me reconectar comigo mesmo. Não há baladinha antiga da Britney Spears que dê conta. O fardo hoje é pesado pra caramba e a responsabilidade assombra de uma forma que me faz sentir muita falta de uma década atrás, quando eu achava que tinha problemas de verdade. Chegar em casa com um cd gravado com as novas da nossa diva pop favorita foi uma doce lembrança no meio de todo esse caos. Com ela, também a lembrança de um dia bom e despretensioso na piscina, com um mundo de possibilidades à nossa frente. Realmente fiz muito dali em diante. Muito mesmo! Revivendo tudo isso essa noite, não chorei só de tristeza não. Mas tentar a todo custo manter o ritmo da subida é enlouquecedor pra quem não tem ajuda ou reconhecimento e nada sozinho na correnteza. E essa metáfora nem foi pensada, apesar de a sensação de afogamento ser cada vez mais real mesmo.
          Penso que largar tudo e realmente recomeçar é a única alternativa plausível, mas dei tanto sangue pra chegar até aqui que parece tão injusto com todo o esforço e sacrifício que fiz. Algo que vai me jogar anos pra trás de onde estou agora.
          O lugar de vítima é cansativo demais. Por vezes eu quero tanto simplesmente levantar e tomar atitudes, recuperar meu senso de urgência e de enfrentamento das coisas de cabeça erguida. Mas em alguns momentos, e não sei dizer quais, fui perdendo essa confiança e essa auto estima. Minha auto imagem está realmente em frangalhos e faz tempo. Restam alguns lapsos no meio dessas ondas, que são onde consigo de fato tomar atitudes e resolver algumas coisas, mas logo tudo volta e com ela a inércia e sufocamento. Sei que são sintomas claros de ansiedade e depressão, mas não tenho médico, diagnóstico ou acompanhamento. Tenho meus gatos, um estoque ilimitado de café e, ainda assim, muitos sonhos.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

um espaço de tempo feliz

          Tenho dificuldade de escrever quando estou feliz, disso eu sempre soube. É uma sensação engraçada porque eu sento, e fico encarando a página em branco durante muito tempo, tentando colocar algo pra fora e me expressar, porque sei que tem coisa ali pra ser dita. Mas simplesmente não sai, ou, se sai, sai esquisito. Essa é uma outra tentativa disso, não sei se vai dar certo. Talvez dê porque hoje já tomei muito café e até Sometimes eu tô escutando. Ultimamente o café tem me trazido boas sensações. Acho engraçado como ele termina de me levantar ou de derrubar. No fim, tudo se trata sobre como tô me sentindo internamente.
           Já faz uns meses que tenho feito terapia e tenho notado uma grande mudança na minha percepção sobre mim mesmo e sobre o mundo. Eu achava que quando começasse, as coisas naturalmente se resolveriam. É engraçado ver que quando você vê as pessoas falando ''estou com a terapia em dia'' ou ''se não estiver com a terapia em dia, nem puxe papo'' você imagina toda uma outra coisa. Hoje percebo que quem diz isso é que não está em dia com seus próprios sentimentos. Terapia não é receita mágica pra resolução de problemas. Te ajuda a se perceber no mundo e, principalmente, no ~seu mundo, e a lidar com isso. A enfrentar os próprios pensamentos e conflitos. Mágico, pra mim, é quando ela faz links com coisas que conversamos meses atrás e coloca bem na minha cara conexões que eu não teria feito sozinho. Gosto muito disso.
          Tenho controlado muito bem minha ansiedade de uns tempos pra cá. Não tanto tempo, sejamos honestos. Eu estava a beira de um piripaque nas vésperas da minha viagem, mas era algo pontual. Vivi os melhores dias da minha vida nessa viagem. Eu olho as fotos, revivo os momentos e ainda não acredito em tudo o que aconteceu. Curtir um fim de semana inteiro com meus ídolos, conversando, tirando um milhão de fotos e festejando é muito mais do que já sonhei. May we meet again!
          Um mês pra gravação do meu novo filme e eu não poderia estar mais animado com isso. A pré-produção é inacreditavelmente trabalhosa e parece que sempre sempre ainda vai ter algo a ser resolvido até o dia de gravar, mas eu to curtindo muito cada processo. E pensar que a minha parte favorita ainda vai chegar, que é a parte de montar. Que loucura foi ter conseguido me encontrar e descoberto algo que eu realmente amo fazer. Eu amo cinema e amo executar projetos que eu idealizei e escrevi. Acho que esse filme vai ficar lindão!
          Tenho tantas perspectivas para o futuro, ao mesmo tempo em que estou indo com o vento e de acordo com aonde a vida me leva. É muito bom viver assim. Eu costumava estar sempre tão minimamente planejado e no controle de absolutamente tudo e isso era muito estressante. Além de ser ilusório, porque obviamente as coisas constantemente mudavam. Foi difícil entender que não se pode estar em controle de tudo, mas mais ainda mudar esse tipo de comportamento. Hoje me sinto grato por não estar mais dessa forma. Minha vida ficou muito mais agradável quando aprendi a aceitar o que ela me dá, incluindo os imprevistos. Ser humano é uma coisa muito louca mesmo.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

dez da manhã

           Ultimamente tenho contemplado minha vida e as escolhas que me fizeram chegar até aqui. Muita coisa em constante mudança, muitas possibilidades. E no meio de tudo, minha contínua decisão de sempre permanecer. Minhas necessidades afetivas são específicas e eu realmente não me considero uma pessoa difícil de lidar. Me agradar é bem fácil, na verdade, mas é preciso sintonia. Se a gente se desencontra e não alinha a frequência, tá fadado ao estrago. Disso não tenho do que reclamar. O coração anda bem bom e nossa rotina e encanto andam lá em cima. Gosto demais de todos os planos e de tudo o que fazemos juntos. Me preocupo que a folia da indecisão do seu coração nos leve pra outro caminho, mas já abri mão de me preocupar em demasia sobre coisas que não posso controlar. Por incrível que pareça dizer isso, eu não quero controlar nada. Quero dividir e viver, nada mais.

          Meu filme tá chamando e já atendi o telefone de sapato cintilante pra dizer pra segurar as pontas. Lidar com muitas pessoas é bastante complicado no que se diz em logística e por mais que seja eu quem não quer mais esperar, manter em foco que o melhor pro projeto deve ser sempre prioridade. Dá um gole no café e puxa o freio de mão porque hoje não vou deixar o carro descer desgovernado.

          Planejar muitas coisas ao mesmo tempo tem sido divertido. De repente me vejo no meio da realização de dois sonhos que de alguma maneira o universo convergiu pra que se juntassem e eu pudesse fazer isso nesse momento. Louco demais como as coisas caminham pra acontecer na vida da gente. May we meet again, sempre dissemos. E não é que vamos? Uma tattoo vem daí com certeza.

          As feridas de anos de negligência e abuso emocional parecem mais vivas do que nunca, e que loucura é só se dar conta real depois de um tempo. Como pode a gente ter noção das coisas e mesmo assim não ter? Conversando sobre isso e sobre outras situações bizarras, me dei conta de que muito da causa do que me fez ser o que sou hoje, não era exatamente o que eu achava que era. Tem coisa que a gente enterra mesmo. Até aqui já foram dois copões de café e ainda são dez da manhã.

          O café, inclusive, tem sido grande aliado nos últimos tempos. Mas aquele aliado que a gente sabe que eventualmente vai derrubar a gente. Me parece que sempre vai existir essa necessidade de me prender a algo pra não sair voando por aí. Talvez isso seja o real motivo da minha falta emocional.