domingo, 1 de fevereiro de 2015

Não-Vão-Além: Como enraizar o amor que voa

     Me vejo obrigado a voltar às redes sociais para falar sobre essa inacreditável peça que assisti na última quinta-feira, 29. Maior negligência seria continuar recluso por adversidades da vida, e deixar de expressar o quão grato sou por ter tido a oportunidade de assistir esse espetáculo. Espetáculo esse sobre a nossa – cada vez maior – inabilidade em conseguir fazer com que um relacionamento dure, fazer com que ele não tenha esse prazo pra acabar, com que se possa ir além.

''A maioria usa o drama pra temperar, pois acredita que de outra forma não tem história. Nós pelo contrário descobrimos a gratidão. E, pode acreditar, dá história sim.''

     Não Vão Além é um lugar inventado, onde nenhum tipo de relação dura mais do que nove meses. Eles estão destinados a conhecerem uns aos outros, relacionarem-se e desprender-se, para então recomeçar o ciclo.
     Belíssimos personagens como Catavento e Corda, Materna, Afeto, e, meus favoritos, Grata e Surdo Nuvem de Sal, contam sobre suas relações e nos ensinam coisas importantes nos mais simples gestos. Os gestos! As movimentações fazem toda a diferença e tanta coisa pode ser absorvida dessa peça que eu queria poder vê-la de novo e de novo, como muitos ali na platéia fizeram.
     Em meio a identificação que se sente em todas as relações ali apresentadas, passando pelo conflito de não saber explicar o porque gostar de determinada pessoa, ou de desejar o que o outro deseja e vice-versa, até mesmo a relações familiares, a peça emociona e faz refletir.
     Um casal de artistas entra em crise durante uma viajem pelo mundo, em nove meses. Ele, então, fica preso nesse lugar inventado de onde só pode sair se ela for ao seu encontro.
     Cada elemento é importante e crucial para o misto de sensações que se tem assistindo o desenrolar do lugar curioso que é Não Vão Além. Os nomes-presentes e a sonoplastia toda ao vivo foram das coisas que mais me fascinaram - as letras das músicas! -, assim como a sutileza que é apresentada em aproveitar as relações enquanto duram, o momento aqui e agora. É tanta coisa pra destacar, que parece injusto não citar tudo.






"A maioria aqui é resolvida com a ideia de ser sozinho, mas tem uns que acabam sofrendo muito com os maus encontros, de tão curtinhos que eles são."






     A peça faz parte da 14ª Campanha de Popularização do Teatro e Dança de Juiz de Fora, com brilhante elenco fruto de um processo desenvolvido no curso de teatro do CCBM, realizado em 2014. Autoria, direção e produção de Felipe Moratori.

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