quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Um monte de nada com nada

          Me pergunto quantas vezes mais cairei nas minhas próprias armadilhas (in?)conscientes e por quanto mais tempo será válida a mesma metáfora pífia do café frio e, ainda, por quantas vezes mais vou me segurar no chá gelado pra sentir algo. Qual é o propósito da mudança iminente a qual você se recusa?
          Eventualmente músicas velhas me trazem alívio e calmaria. Sensação de bons tempos e tranquilidade. Tudo parece uma reciclagem de antigas bobagens. A impressão que fica é a de ter sido engolido numa rotina de mesmos rostos onde nada muda. Quase um departamento de trocas falido. Montgomery partilharia.
          Bloodstream resgata um pouco do ser, mas eu já nem sei mais em que rua me perdi nesse caminho com cheiro de dama da noite fajuto. Os jardins são incrivelmente belos, é verdade. Então é o fim da caminhada? Um monte de nada com nada e de longe dá pra ouvir o som do canto da cigana em festa. Em meio a palanques vermelhos, verdes e dourados, imagino.
          Um galpão a média distância me faz ponderar. Fica aí o questionamento.

5 comentários:

  1. Oii Johnny, achei você no blog da Beca! Enquanto eu lia o teu texto fiquei na dúvida entre tédio e apego ao passado. Talvez até um receio pelo que vem em seguida. Mas isso aqui: "Tudo parece uma reciclagem de antigas bobagens." é um tapa na cara nénon? Parabéns pela sua escrita. =)

    http://www.verdadeescrita.com/ja-nem-sei-mais

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    1. Oi Rebeca!

      Que legal você ter me chado no blog da Beca! Ela é a pessoa que mais me incentiva por aqui e o blog dela é maravilhoso, né?
      Sabe que eu acho que é bem um como causador do outro? Como se fosse o tédio um dos causadores do apego ao passado e, até mesmo, o receio pelo que vem em seguida. Muito boa a sua percepção. Fico feliz quando captam um pouco da essência.
      Obrigado!

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  2. "Por quanto mais tempo será válida a mesma metáfora pífia do café frio?" me questiono isso todos os dias.

    Cru. Um mergulho na incomodo comodismo.
    A fatídica rotina e a visão que não enxerga além daquilo que tá ali diante dos olhos. "então é aqui que acaba essa trilha toda que eu andei? sim é bonito, mas é só isso?"
    É triste quando nada nos fascina.

    Ainda bem que você me fascina.

    fazia um tempo que eu não dava as caras, mas você me conhece, eu sempre venho por a poesia em dia e desvendar suas metáforas.

    com todo meu carinho,
    Beca <3

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    1. Um mergulho no incômodo comodismo é a melhor forma de descrever. De verdade.
      ''Mas é só isso?'', é triste real quando nada nos fascina.
      Poucas coisas fascinantes me restam, você é certamente uma delas, Beca.

      Obrigado por sempre colocar a poesia em dia. A gente se liga demais. É cósmico, de fato.

      <3

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