terça-feira, 3 de junho de 2025

Queen of Spades

          Hoje eu ganhei um respiro musical e tô muito grato por esse presente e redescoberta. O novo álbum da banda, que só hoje entendi o trocadilho do nome com aquele filme que eu amo, me atirou direto num túnel neon a toda a velocidade e eu caí no meio da pista da London Calling no Muzik há mais de uma década atrás. Quando eu paro pra pensar em tudo o que tô conquistando e realizando eu fico muito feliz, orgulhoso e animado. Ou talvez seja o respiro de animação que as bonecas de Soho me deram nessa terça cinza.

          O Dragkiller tá finalizado e pronto pra ganhar o mundo. No corre de finalizar a parte burocrática, sigo no fluxo de levar meu projeto audiovisual pro máximo de pessoas o possível. Foi caro, gente. Me patrocina, pelo amor! Preciso fazer mais.

          Minha relação com a Ariel se estreita ainda mais hoje com a percepção da bruxa do mar bem ao meu lado. Como nunca tinha feito essa associação antes? O que ela não sabe é que o colar com a voz da sereia tá no meu pescoço e eu uso ele que nem aquela maluca de black mirror que vira a imperatriz com cabelo da Beyoncé.

          I wanna fucking tear you apart. Um cover dark de uma música dark grita pra mim toda a criatividade que me lançou no redemoinho de ideias e juventude que mistura preto e branco com neon, vinho barato com grama e bandas novas, cabelos de franja e adolescentes magrelos prontos pra ganhar o mundo de cabeça pra baixo. Esse redemoinho verde, diferente do vermelho de caos absoluto. As caixas de pandora da Octavia. Que engraçado, semana passada pensei num roteiro envolvendo isso só pra hoje resgatar o roteiro de Mayday na cozinha com o fantasma da amante de outrora.

          Me sinto absolutamente criativo e a ilustração da Miss Atomic Bomb com mablack conduz a viagem por uma pista de corrida estelar ao som de Napoleon Baby. We're back, bitches! 

Definitely.

terça-feira, 20 de maio de 2025

alegria cinematográfica

           Estreei meu filme e que loucura a recepção e os comentários que ouvi sobre meu trabalho, minha visão, minha dedicação. É tão incômodo pra mim receber elogios que sempre acho que existe algo pra invalidá-los ou sei lá. Dessa vez eu tô tentando me permitir. Tenho tanto orgulho desse projeto e ficou tão a cara do que eu gostaria que ele fosse. Eu gosto muito de enaltecer o incrível trabalho de toda a nossa equipe porque se não fosse pelo esforço e dedicação de cada um ali, esse filme não seria esse filme. E se não fosse esse filme, não seria assim. Esse filme já deixou de ser só meu há muito tempo. E a lição mais legal que eu aprendi e internalizei foi a primeiríssima que ouvi no começo de tudo: cinema não se faz sozinho. Ouvir isso, hoje, me faz olhar para tudo o que passamos e fizemos e responder: ''que bom!".

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

clube do pônei rosa

           Dois mil e vinte e cinco e cada vez mais minhas questões são auto centradas e são do que fiz de mim mesmo. Na noite passada assisti um dos favoritos ao Oscar e: absolute cinema. Esse tempo comigo mesmo é tão precioso. Me pergunto o porque de só dar tanto valor a ele em momentos ansiosos.

          Um mês para repetir a viagem da minha vida e minha percepção mudando para entender de que fazemos as ~grandes coisas de nossas vidas até que venha a próxima grande coisa de nossa vida. Que feliz esse ciclo que se estende e recomeça e surpreende. Quero ainda fazer tantas coisas.

          Tenho na minha estante as caixas vermelhas que a red queen não abriu. As vezes tiro os livros e enfeites de forma a revelá-las apenas para depois escondê-las novamente. Acredito que tudo tenha o seu momento certo. Pra esse ano eu quero finalmente bancar minhas escolhas e praticar a postura que tenho vontade de assumir. Eu adoro mudanças, sou inquieto constante sempre clamando por algo novo, mas algumas mudanças demandam tanto! 

          Filmes, textos, fotos, cartões. Gatos! Como me sinto cada vez mais conectado e ligado a minha família. É coisa da idade, é astrológico ou algo assim?

          No pique do trigésimo café, acho irônico reclamar de ansiedade. A paranóia da reclamação da musa pintada bateu e nem era nada demais. Assim tem sido as últimas vezes, mas ela perdeu o meu benefício da dúvida. Ao mesmo tempo que faço cada vez menos sentido, faço sentido perfeitamente pra mim. Sinto falta do meu antigo ritual de conexão de séries conforto com novas perspectivas. Alguém me arruma uma legenda sincronizada pra segunda temporada de Orphan Black? Quero incluir essa no meu ritual. Ah, Alison...

          Queria recomeçar em outro lugar.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Ano novo

           Começo o ano com a energia lá no alto e cheio de expectativas. Estou finalizando meu filme, tenho uma grande viagem em dois meses e muitos planos. Quero levar o filme para o máximo de festivais que conseguir, além de começar um novo projeto. Acertar minhas finanças e voltar pro lugar confortável em que eu estava há um ano atrás. Me entender e me cuidar cada vez mais.

          As coisas deram uma boa virada nesse fim de ano e estabilizaram bem. Prova de que minha maior inimiga é a minha mente é essa. A insegurança me jogou num buraco sem fundo e eu tava lá embaixo decorando as estações, tal como na música daquela cantora que eu gosto. Ponto de atenção altíssimo é essa insegurança estar diretamente ligada à necessidades afetivas. A partir do momento em que tudo ficou esclarecido e definido, acabaram todos os jogos. Era disso que eu precisava pra me sentir pleno e abandonar o vício que me fazia entrar num espiral de ansiedade? Percebo o padrão de comportamento e entendo ele melhor do que nunca, mas preciso de um plano de ação pra quando o espiral voltar. Um passo de cada vez, dizem.

          Fato é que funciono muito mais com as coisas nos seus devidos lugares. Quem não, certo? A falta de definição clara das coisas me perturbava em níveis extremos e com isso me sinto pronto pra andar pra frente. Tento tomar controle dessa narrativa e transformar em aprendizado e entendimento sobre mim e sobre como agir. Mas atento ao controle demais.

          Estou louco pra reencontrar minhas amigas e viver mais uma vez o final de semana que vivemos ano passado, mas queria um pouco mais de tempo até esse que esse evento acontecesse de novo. Quero muito melhorar minha vida e acertar as coisas logo. Aproveitar o pico de energia né. Esse ano vai ser o meu ano.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

sozinho junto

          Achar que alguém vai entender suas demandas ou o quanto certas coisas impactam em você é a maior roubada que existe. Ninguém é capaz de entender as suas dores ou o quanto certas coisas batem em você. É utópico esperar de alguém um olhar de cuidado e atenção que ela simplesmente não consegue ter. Ninguém vai cuidar da sua demanda como você. Ninguém vai ter o carinho ou atenção com você maior do que o seu próprio. Esperar isso de quem quer que seja é furada. Nem melhor amigo, nem grande amor. Não existe isso.

          Durante anos tentei ser uma pessoa empática e eu sou a pessoa mais empática que eu conheço. Coincidentemente hoje li em algum compartilhamento que empatia demais é auto destruição e fez muito sentido pra mim. Eu cuido muito e faço isso porque eu genuinamente gosto de cuidar. Hoje, depois de muita auto análise e de olhar pra trás, acredito que isso ocorra porque eu fui muito não-cuidado então sinto que não gostaria que ninguém passasse por certas coisas que passei advindas disso. Mas percebo também que faço muito disso porque também gostaria muito que alguém me cuidasse. E quando eu tô junto eu penso e faço absolutamente tudo junto. Por vezes perco minha individualidade. Quer me destruir é me acusar do contrário, mesmo com um bocado de situações que podem te mostrar o contrário. E esperar de quem quer que seja a atenção que eu dou às mínimas coisas é burrice. Bater onde me é mais sensível também é.

          Existem certas coisas que outras pessoas não são capazes de entender. E não me refiro à capacidade cognitiva não, mas elas simplesmente não conseguem por não entender a complexidade daquilo por nunca ter sido exposta à situações ou coisas parecidas durante a sua formação como pessoa. Isso é normal, faz parte. 

          Por conta de toda a bagagem, eu sempre fui muito independente e individual, apesar de muito carente e de gostar demais de partilhar e celebrar tudo junto. Uma dualidade bem oposta, eu sei. Coisa que me quebra no meio é que, por ser assim, eu não peço ajuda. Não peço, não peço mesmo. Num histórico das vezes onde eu 1. pedi; 2. me foi oferecida com certa insistência; e eu aceitei: 99% das vezes fiquei na mão. Mesmo. Não faz sentido pra mim você ter todo um trabalho exaustivo pra derrubar uma barreira porque quer muito ajudar e aí quando consegue você simplesmente não ajuda. Caralho, sabe. Tá querendo provar o que pra si mesmo? Porque pra mim que não é. Essa merda cansa demais.

          Eu tô desesperançoso, tô triste, tô deprimido, tô no meio de um turbilhão de sentimento horroroso que há duas noites atrás culminou num pesadelo aterrorizante. E eu tô tentando ficar de boas porque a última coisa que eu preciso é que meu corpo canalize e externe isso tudo mais uma vez. Eu quero muito, muito mesmo, viver de boa. Curtir coisas simples. Assistir filmes que quero assistir, ficar deitado na cama relaxando e aproveitando a companhia vendo vídeo engraçado. Curtir um rolê aleatório com pessoas aleatórias e me sentir bem. Ganhar um carinho e uma palavra bonita. Um gesto legal. Quero sossego pra dormir até mais tarde, quero fazer as quests do dia do meu jogo favorito. Meus boletos pagos no fim do mês. Não é possível que eu esteja querendo demais do universo. Me economiza aí, faz favor.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

era pra ser um parabéns, mas lá no fundo é um obrigado

          No dia de todas as respostas me ocupei tanto que até quando desocupei continuei ocupado com as demandas da minha mente. Se em outrora um jovem johnny soprava 25 velas finas de padaria, bêbado de vinho barato com um namoradinho e uma amiga numa praça na cidade pequena pra celebrar, hoje ele o faz sozinho, tomando uma amstel ouvindo no streaming um álbum lançado em mesma data, anos atrás. No quarto, um quadro em preto e branco da sereia. Deveria representar algo como um conceito, sei lá. Mas olhando em outro panorama deve ser só a representação mesmo de algo que não volta. Seja aquele tempo, a vida dele ou mesmo a dela. Esquisito fazer esse paralelo. Esquisito porque os coloca no mesmo lugar e isso pra ele sempre foi inimaginável.

          Enquanto ela procura Amy, ele procura a si mesmo. Nessa época tudo era realmente mais fácil ou menos complicado. E, não. Não são sinônimos. Se lá atrás ele soubesse com tudo que teria que lidar dentro de si mesmo, talvez tivesse tomado outras providências. Que loucura pensar assim. 

          Essa fritação nem era pra ser sobre isso e sim sobre a falta que eu sinto. Talvez a segunda lata tenha ligado o modo auto reflexão. Que bom que hoje não foi o modo auto crítica. A real é que a auto reflexão já vem há algumas semanas e com tantos paralelos ao mesmo tempo às vezes fica difícil de respirar. Não, eu não vou cortar essa.

          A falta de cuidado, de carinho ou de percepção nos momentos necessários me levam pra longe. E dessa vez eu fui tão longe que não consigo nem enxergar o caminho de volta. Como se eu precisasse, sei ele de cor. Mas as vezes penso que queria não saber. Se não soubesse, obrigado seria a seguir por um outro. Sem ter que dar satisfação a ninguém. Estranho como mesmo me enraizando cada vez mais, por escolha própria, o sentimento de cair por aí permanece. Acredito que isso se dá por que, mesmo sendo escolha própria, ainda não bati no lugar certo. Quase não é lá.

          Sweet surprise, I could get used to. Essa voz e melodia me levam pra tantos lugares diferentes que penso que queria só tudo isso de novo. Aí eu choro, porque o que mais vou fazer, certo? A vida pouco mais é do que sentir enorme falta de um emaranhado de coisas que nos trouxe até aqui. E eu sei que muitas vezes essa falta é só uma armadilha ou um truque criado por nós mesmos. Mas tem dia que bate diferente. E quando isso acontece, não tem mesmo muito mais o que fazer a não ser engolir esse amargo e deixar o salgado escorrer dos olhos.

           Bateu tudo tão forte e tudo tão junto. Amigo, dificuldade, amor, irmão, pai, filme meu, filmes clássicos, árvore de natal. Casa antiga, casa nova, escola, trabalho, faculdade, festival, networking, sabotagem. Amiga longe, amiga perto, amigo que traz o mundo e o amigo que levou consigo. Carinho, cuidado, falta de, risada, conchinha. Tatuagem, cachorro, gato, rato. Queria ir pra casa, queria sumir. Mannequin. Vomitei.

          Queria o jovem-eu ter o caminho que o hoje-eu vislumbra pela frente. Tenho absoluta certeza que cada passo desse caminho seria devidamente dado e celebrado. Mas hoje eu to sentado ouvindo uma melodia, que já era esquisita há dezesseis anos atrás, e pensando em como o hoje-eu ficou tão esmagado que não consegue equilibrar as coisas como o até-não-tanto-tempo-atrás-eu conseguia. Que loucura, como faz?



happy britmas, obrigado pelo mundo <3

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Armadilha

           Começo esse texto dizendo que tem sido muito difícil competir comigo mesmo. É certo que o que nos separa daquilo que queremos ser é o trajeto que fazemos, mas se o trajeto se desenha a nossa frente qual a grande dificuldade em trilhar o caminho? Coincidentemente abro a rede social e pula na minha cara uma postagem do meu ilustrador favorito com uma ilustração e reflexão sobre ''o chamado''. "Quanto mais tempo você resiste ao chamado da sua alma, mais difícil é de achar seu caminho de volta''. Eu acredito nessas coisas pra caralho e se isso não for o universo conversando em resposta à minha oração dessa noite, eu não sei o que mais pode ser.

          Essa angústia que me taca de uma parede pra outra me faz querer parar de percorrer o corredor. A nova-velha bruxa vem com um papo sobre ceder e abraçar esse lado ruim afim de encontrar equilíbrio mas ainda não consegui fazer isso. Sempre que tento abraçar, ele me sufoca de tal maneira que fico inerte. Não sei se estou fazendo do jeito certo. Talvez eu não esteja realmente fazendo, mas apenas dizendo que sim. Típico de mim. 

          Numa recordação de apresentação com direito a recursos visuais e entretenimento, me sinto a cantora pop depois de perder sua alma pra um sistema corrupto e falho que a esmagou. Sua essência está lá, mas blindada de tal maneira que talvez não consiga mais ser acessada. Me questiono se eu ainda consigo acessar a mim mesmo. Me acessar e resgatar é tudo o que eu verdadeiramente gostaria de fazer.

          Durante esses picos de ansiedade, percebo que passo de relance entre os dois extremos e vislumbro uma rápida e ilusória reconexão comigo mesmo. Quando o desafio passa e o pico se estabiliza, perco o vislumbre numa falsa sensação de que tudo se encaixou à normalidade mas aí tudo volta praquele emaranhado de nada com nada durante a rotina. Deve ser por isso que as pessoas usam droga. Sério, não ironicamente penso isso. Uma forma de dissociar da realidade. Sempre fui medroso demais pra isso.

          To vendo que o papo de hoje tá mais denso do que de costume, mas acho que é minha estafa interior pedindo pra sair um pouco. No final das contas acho que me subestimei. Percebi que já tive sim muita destreza pra tolerar certos tipos de situações na minha vida e fiz isso muito bem, mas ao mesmo tempo, com mais de trinta hoje em dia eu simplesmente não tenho mais saco pra isso. A gente faz o que tem que fazer, mas é necessário ter mais cuidado consigo mesmo. No auge dos meus dezoito ou dos vinte e tantos eu também não tinha a bagagem que tenho hoje, então era mais razoável me colocar em certos tipos de situação. O amadurecimento e conhecimento libertam mas se você não souber usá-los em favor próprio vai acabar preso em armadilhas feitas por si mesmo.