No dia de todas as respostas me ocupei tanto que até quando desocupei continuei ocupado com as demandas da minha mente. Se em outrora um jovem johnny soprava 25 velas finas de padaria, bêbado de vinho barato com um namoradinho e uma amiga numa praça na cidade pequena pra celebrar, hoje ele o faz sozinho, tomando uma amstel ouvindo no streaming um álbum lançado em mesma data, anos atrás. No quarto, um quadro em preto e branco da sereia. Deveria representar algo como um conceito, sei lá. Mas olhando em outro panorama deve ser só a representação mesmo de algo que não volta. Seja aquele tempo, a vida dele ou mesmo a dela. Esquisito fazer esse paralelo. Esquisito porque os coloca no mesmo lugar e isso pra ele sempre foi inimaginável.
Enquanto ela procura Amy, ele procura a si mesmo. Nessa época tudo era realmente mais fácil ou menos complicado. E, não. Não são sinônimos. Se lá atrás ele soubesse com tudo que teria que lidar dentro de si mesmo, talvez tivesse tomado outras providências. Que loucura pensar assim.
Essa fritação nem era pra ser sobre isso e sim sobre a falta que eu sinto. Talvez a segunda lata tenha ligado o modo auto reflexão. Que bom que hoje não foi o modo auto crítica. A real é que a auto reflexão já vem há algumas semanas e com tantos paralelos ao mesmo tempo às vezes fica difícil de respirar. Não, eu não vou cortar essa.
A falta de cuidado, de carinho ou de percepção nos momentos necessários me levam pra longe. E dessa vez eu fui tão longe que não consigo nem enxergar o caminho de volta. Como se eu precisasse, sei ele de cor. Mas as vezes penso que queria não saber. Se não soubesse, obrigado seria a seguir por um outro. Sem ter que dar satisfação a ninguém. Estranho como mesmo me enraizando cada vez mais, por escolha própria, o sentimento de cair por aí permanece. Acredito que isso se dá por que, mesmo sendo escolha própria, ainda não bati no lugar certo. Quase não é lá.
Sweet surprise, I could get used to. Essa voz e melodia me levam pra tantos lugares diferentes que penso que queria só tudo isso de novo. Aí eu choro, porque o que mais vou fazer, certo? A vida pouco mais é do que sentir enorme falta de um emaranhado de coisas que nos trouxe até aqui. E eu sei que muitas vezes essa falta é só uma armadilha ou um truque criado por nós mesmos. Mas tem dia que bate diferente. E quando isso acontece, não tem mesmo muito mais o que fazer a não ser engolir esse amargo e deixar o salgado escorrer dos olhos.
Bateu tudo tão forte e tudo tão junto. Amigo, dificuldade, amor, irmão, pai, filme meu, filmes clássicos, árvore de natal. Casa antiga, casa nova, escola, trabalho, faculdade, festival, networking, sabotagem. Amiga longe, amiga perto, amigo que traz o mundo e o amigo que levou consigo. Carinho, cuidado, falta de, risada, conchinha. Tatuagem, cachorro, gato, rato. Queria ir pra casa, queria sumir. Mannequin. Vomitei.
Queria o jovem-eu ter o caminho que o hoje-eu vislumbra pela frente. Tenho absoluta certeza que cada passo desse caminho seria devidamente dado e celebrado. Mas hoje eu to sentado ouvindo uma melodia, que já era esquisita há dezesseis anos atrás, e pensando em como o hoje-eu ficou tão esmagado que não consegue equilibrar as coisas como o até-não-tanto-tempo-atrás-eu conseguia. Que loucura, como faz?
happy britmas, obrigado pelo mundo <3