quinta-feira, 2 de março de 2023

Tá tudo certo, sempre esteve

     Eu to ligado que eu dei uma emocionada e romantizei demais as paradas. É que, veja bem, me sentir interessante pra alguém depois de tanto tempo sendo invisível pra um grande amor foi realmente muita informação pra equilibrar, ainda mais vindo de alguém deveras tão interessante e contagiante. Talvez isso tenha feito o timing de 200% certo virar -80% - e tudo bem. Não é como se eu pudesse voltar e talvez fazer algo diferente, mas eu penso também que não sei se HÁ algo diferente a ser feito, já que essa equação é bem mais complexa do que sabemos e eu não vou entrar nessa de trazer pra mim a responsabilidade dessa explosão. Aqui dentro nós sabemos bem que não foi exatamente isso, né? Mas tá tudo bem, tá tudo certo. Sempre esteve.

    Uma coisa que eu definitivamente perdi depois de tanta inércia é o tal do ~game. Não sei fazer tipo, não sei fazer jogo. Sei falar o que penso e sinto, ou não sinto. Isso é ótimo na teoria. ''pessoas reais''. Pessoas reais o caralho. Na prática isso me derrota sempre. Cedo ou tarde, eventualmente. Deve ser por isso que fica aparecendo sempre pra mim o anúncio do livro daquela mulher que te promete mundos e fundos. Que doideira o algorítimo, né?

    Pego mais um café e reflito que é óbvio que depois de tanto tempo de costume e de entrega eu sinta falta. Falta da rotina, falta do carinho, da companhia e de tudo mais que vem na vida a dois e que eu descobri que eu gosto tanto e sou tão bom. Mas entender a falta não quer dizer que eu esteja buscando isso agora novamente. Enquanto penso nisso, a gatinha passa trotando pela sala, se divertindo com um brinquedinho de sacola. A vida é tão simples pra eles, né? Busco essa simplicidade e praticidade pra minha. Quero cada vez mais me conhecer, me curtir, ter experiências. Tento ao máximo mas ainda acho inevitável não fazer o paralelo e dizer que gostaria de voltar a ser como eu era antes, de ter aquele sentimento de liberdade e vontade de descobrir o novo. Talvez isso seja uma ilusão do nosso sabotador projetando algo que realmente nunca existiu, ou então pelo menos não existiu dessa maneira.

    O luto me esmaga de diferentes formas dia após dia. Eu, que sempre amei ficar sozinho e viajar individualmente nas minhas trajetórias e descobertas, me pego cada vez menor e dependente. De alguém, de alguma palavra de afeto, de alguma presença. Uma grande amiga me disse esses dias que o ser humano não foi feito pra estar sozinho, que a vida é sobre isso. Isso me lançou numa espiral bizarra. Primeiro porque já ouvi isso antes, e essa lembrança foi como uma bomba incandescente direto na boca do estômago. Segundo porque acho que ela está certa, e talvez o fato de não conseguir mais sentir esses destravamentos e ter me fechado totalmente eu pense que realmente não sei mais então como agir ou como lidar com boa parte das situações que nos são exigidas socialmente.

    Eu, que sempre fui tão prático, luto diariamente pra me permitir deixar as coisas seguirem fora da minha redoma. Não posso controlar tudo e não devo controlar tudo. Inclusive tem muito mais graça se assim for. Mas esse costume somado a tudo que me levou a ser assim e chegar até aqui, me dá um boost de ansiedade e eu faço o que com isso? Haja café.

Nenhum comentário:

Postar um comentário