Cinco anos depois daria pra ter construído uma nova vida. Daria pra ter uma casa nova, dois gatos e um novo amor. Um novo sorriso. Cinco anos depois daria pra reabrir um bunker após um apocalipse. Talvez tenha sido isso que eu fiz. Os desenhos continuam lá. Pelas paredes, pelos cadernos de nota. Os poemas. A cortina azul se foi há muito. Se você tivesse ouvido alguma das centenas de ligações que te fiz ao longo desses anos, saberia. Saberia também que estou bem. Saberia que sobrevivi. Saberia do quanto viajei, do quanto, além de sobreviver, vivi. Me lembro do quanto nesse meio tempo cantei. Pra quem? Por mim.
Imagino que aí do outro lado seja tudo muito diferente. Tudo muito colorido e alegre. Sei que vive bem aí também. Uma vez cê me disse que quem sabe talvez a gente se esbarre num outro depois. Eu imagino essa conversa que engraçada e curiosa seria. Eu já não tenho mais meu antigo filtro dos sonhos. Cê haveria de saber que meus sonhos mudaram. Talvez aí do outro lado existam outros. É bem bonita a imagem que faço de uma varanda sua com um filtro verde desses e uma rede de frente pra um cheiro bom de mato molhado num quintal pequeno e esquisito.
Ainda hoje eu tava falando sobre como é estranha a nossa percepção de tempo pra algumas coisas. Sinto que há tão pouco tempo eu ainda descobria tanto da vida, mas sinto que a gente foi há tão mais que cinco. Uma vida por entre as vidas. Um breve registro do in-fluxo seria bom hoje. Cinco era realmente uma das metas do projeto. Talvez tivesse sido pior se tivesse existido.
Começo com essas divagações e é quando percebo que já parei de fazer sentido outra vez. Mas alguma vez existiu sentido nessa coisa toda? Sei que muito além de Sete Textos, cê me preparou pra uma grande viagem intergaláctica. Por isso pude voar depois em nova companhia. Mas não te devo isso não, devo a mim mesmo. Por ter enfrentado e capotado tantas e tantas vezes. Alguém vive me dizendo que os fins justificam os meios. Mas isso só se dá depois dos fins, né. O que cê faz enquanto vive nos meios? E se esse meio nunca tem fim?
Ahh, que texto! Os seus textos são tão incríveis e tão profundos, que eu nem sei o que comentar, sabia? Eles são daqueles textos que a gente lê e se pega pensando em situações das nossas vidas que se encaixam em alguns trechos. Daqueles que a gente lê e fica imaginando qual foi a inspiração pra eles. Daqueles que deixam a gente bem reflexivos. Daqueles que eu amo.
ResponderExcluirEstante da Pipoca
Aaah Vitória... eu sempre adoro quando você aparece por aqui!
ExcluirFico muito satisfeito pelas sensações que alguns textos te provocam. Eu acho que isso tem muito do que eu sinto também quando os escrevo. É muito legal a forma como a escrita conecta as pessoas!