quarta-feira, 17 de maio de 2023

Meu cinema particular

           A lua desaparece e revela quem é star do meu cinema particular. Já há algum tempo em que é prioridade, mas essa escalada tão sutil percebe-se agora fundamental. Já não me vejo não te vendo, não te querendo, não te tocando. É uma vontade que não passa. Parece que tudo indica essa direção. Parece que eu gosto quando aparece no meu sonho bom. Mas me pergunto constantemente se essa maldição de já acordar com o seu nome martelando na minha mente é unilateral ou não. Temo que sim e isso me priva. De tanto. De tão mais.

          Depois de muito tentar, finalmente quebrei as correntes que me faziam refém detrás dos muros de outrem, mas estando agora nessa situação não vejo saída a não ser me fechar de tudo novamente ao redor dos meus muros. Eu realmente não quero lidar com as consequências da destruição que isso pode causar. Mesmo, de repente, podendo não causar. Tantas vezes em situações diversas já me vi nesse tipo de dilema entre arriscar ou não, mas dessa vez é diferente de qualquer outra.

          Daí penso em tudo o que poderia ser e em tudo o que já foi. E não queria pensar. Queria só sentir. Seguir na leveza do jeito que já é e desbravar acompanhado por todos os títulos que esse cinema particular me oferece, ou poderia oferecer. Mas saber se quer ou se consideraria atuar nesse papel me faz reformular a mesma pergunta por oitocentas vezes: quer estrelar esse filme comigo?

          Me libertou tanto que me prendeu e desse castelo não sei sair.

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